BYD em ''guerra'' de preços; rivais chineses caem na bolsa

Os construtores automóveis chineses registaram esta segunda-feira fortes perdas nas bolsas à conta da BYD. E tudo porque a maior vendedora mundial de automóveis elétricos anunciou descontos até 34% em 22 dos seus modelos.

Na Bolsa de Valores de Hong Kong, foi a própria construtora a liderar a queda com 8,08%, depois de recentemente ter atingido máximos históricos, enquanto a filial de componentes BYD Electronic caiu 4,01%.

As chinesas Geely (-7,98%), Dongfeng (-6,37%), Li Auto (-5,73%) e BAIC (-2,46%) também registaram perdas, assim como a Xiaomi (-2,26%), que não tem os veículos elétricos como principal linha de negócio mas está a apostar nestes produtos.

Já a estatal SAIC, que é também a maior fabricante automóvel do país, registou uma descida de 2,01%, assim como a ChangAn (-2,73%) e a Great Wall Motores (-5,52%).

Estas quedas bolsistas acontecem depois da BYD ter anunciado fortes descontos em 22 modelos 100% elétricos e híbridos plug-in até ao final de Junho.

A título de exemplo, o citadino BYD Seagull, que é também o mais acessível da sua gama, terá o preço reduzido no mercado chinês em 20%, com a entrada na gama a fazer-se a partir de 55.800 yuan, equivalente a 6.793 euros.

O maior corte de preço será no BYD Seal U, com a versão híbrida do SUV a cair 34% para 102.800 yuan, correspondente a 12.514 euros.

"Embora alguns destes descontos já estivessem a ser implementados em Abril, o anúncio oficial envia um sinal poderoso sobre o quão difícil é o mercado final", explicam analistas da consultora Morgan Stanley citados pela agência Bloomberg.

Concorrência feroz

A BYD está a tentar reduzir o inventário com "saldos" para os modelos mais antigos que não incluem os novos sistemas de condução assistida que serão incorporados gratuitamente nas suas novas propostas,

A decisão está já a colocar uma pressão adicional sobre os concessionários locais, com a Zhongsheng Holding, que é um dos principais grupos neste ramo, ao cair 2,54% em bolsa esta segunda-feira.

Nos últimos meses, quer as marcas locais, quer as internacionais, como a Tesla ou a parceria entre a chinesa GAC e a japonesa Toyota, anunciaram planos de pagamento sem juros, redução das taxas de entrada ou redução de preços em alguns dos seus modelos.

O secretário-geral da associação patronal CPCA já tinha previsto que a "guerra" de preços entre os construtores automóveis na China iria continuar ao longo deste ano, num contexto de concorrência "extremamente feroz".

Cui Dongshu sublinhou, no entanto, que as vendas poderiam aumentar graças ao "plano de substituição" de produtos antigos por novos subsidiado pelo governo chinês.

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